Angus, uma raça de história e futuro no Brasil.

A obstinação pode ser a palavra chave dos criadores de Angus e talvez represente bem mais do que um traço da história da raça que soma mais de um século de atividades no Brasil. Passados 100 anos do registro genealógico do primeiro Angus no país, realizado em 1906 pelo criador Leonardo Collares Sobrinho, em Bagé (RS), que inscreveu o touro Menelik, vindo do Uruguai, os desafios se multiplicam para a raça, que tem sabor e maciez em sua carne, mundialmente reconhecidos e que, nacionalmente, está em processo de expansão. Aliado às conquistas, se hoje os esforços são para a difusão da Aberdeen Angus nos rebanhos brasileiros, especialmente através do cruzamento industrial e da certificação da carne Angus no centro do país, não foi diferente na ocasião da introdução da raça a partir dos anos de 1900. A administradora da centenária Cabanha Tabor, de Tupanciretã (RS), Sandra Gomes Brum, conta que o avô, Aristides de Moraes Gomes, adquiriu em 1912 o primeiro touro PC do plantel na Exposição Agropastoril de Bagé. Dois anos depois, importou da Inglaterra um reprodutor Angus PO. No livro de sua autoria, Fundação e Evolução das Estâncias Serranas, ele retrata as dificuldades enfrentadas na época, como o manejo pós-importação que ainda era uma novidade. Segundo Sandra, o animal vindo da Inglaterra, em 1914, não estava acostumado ao carrapato presente no Brasil e para isso era preciso banhá-lo seguidas vezes. Conforme o livro O Centenário do Herd-Book Collares, escrito pelo superintendente substituto do Serviço de Registro Genealógico da Associação Nacional de Criadores (ANC), Amilton Cardoso Elias, a partir de 1913 é que começaram a despontar novos registros de animais Angus no Herd-Book. Em 1914, foram importadas da Inglaterra cinco matrizes, além do primeiro produto nacional, São Paulo HBB 9, no ventre, por Visconde Ribeiro de Magalhães. Contudo, o começo da criação no Brasil é anterior ao registro do primeiro animal. Quando ocorreu a inscrição do touro Menelik, em 1º de setembro de 1906, ele já tinha cinco anos. Os registros genealógicos de animais domésticos do país já estavam sendo preparados dois anos antes de ocorrer a abertura do primeiro Livro Genealógico, pondera Elias, ao acrescentar que em 1904, depois de decidir sobre a metodologia e confeccionar os livros, Leonardo Brasil Collares fundador do primeiro Herd-Book no país , colocou os novos serviços à disposição dos interessados. De acordo com a administradora da Tabor, Aristides de Moraes Gomes já criava a raça em 1905. Há relatos da criação de Aberdeen Angus desde 1905, quando o meu avô comprou a Estância da Conceição, localizada no caminho entre Tupanciretã e Cruz Alta, apontou a criadora, que mantém a tradição e a paixão da família pela Angus. Também entre os pioneiros da raça está a Cabanha Santo Antão, de Alegrete (RS). Em 1918, a cabanha realizou a importação de 40 touros PC do Uruguai e 10 animais PO da Argentina, dando início à exitosa criação que conquistou prêmios como o Ranking de Rústicos da Associação Brasileira de Angus (ABA), em 2002. Atualmente, a Santo Antão é comandada por Ana Luiza e Flávio Montenegro Alves.

Em 1920, o domínio da Angus já era reparado nos campos rio-grandenses, quando 12 exposições agropecuárias reuniram 568 reprodutores da raça, merecendo boa procura pelos compradores. A criadora Lila Franco Tellechea, esposa do primeiro presidente da ABA, Flávio Bastos Tellechea, da Cabanha Paineiras, de Uruguaiana (RS), considera a Angus como a raça mais completa, sendo a número um do mundo em gado de corte por sua excelente qualidade de carne. A Paineiras foi uma das pioneiras em melhoramento genético, buscando sempre o que há de ponta nos principais criatórios da Argentina, Escócia, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, apontou Lila sobre o rebanho Angus formado, inicialmente, pelo pai de Flávio, João Francisco Tellechea.

Missão

Congregar criadores e fomentar a utilização da Raça Aberdeen Angus na pecuária, através do apoio técnico e promocional, buscando a excelência e a valorização do trabalho do associado e dos usuários da raça.