Nada será como antes. Identidade Cara Branca muda trajetória de vários agentes catarinenses e mudam sua posição no cenário nacional.
Os resultados da 11ª edição do Leilão Identidade Cara Branca vieram, em 2021, para tornar o remate em um divisor de águas, não só para seus promotores – Fazenda Mãe Rainha e Fazenda Meia Lua – como para a raças Hereford e Braford, e a própria pecuária do Estado de Santa Catarina. Tudo isso, porque o mercado atribuiu valorizações recordes, comprovando seu reconhecimento à qualidade de exceção dos produtos licitados.
Os anfitriões, respectivamente, Edson Colombo e Rafael Momm, viveram momento únicos e até sentimentos pouco comuns, concomitantemente. Ao mesmo tempo que se surpreendiam euforicamente com os resultados, traziam muita gratidão pelo acolhimento da genética oferecida e o compromisso de continuar evoluindo, consequência direta desse reconhecimento recebido. Para clientes e amigos das duas marcas, o desempenho não foi novidade, assim como o bom caráter dos seus promotores.
Números falam por si
Em duas baterias, o leilão reservou uma para fêmeas, no dia 9 de setembro, e outra para reprodutores, no dia 11. As médias registradas ficaram bem acima das praticadas, no momento. Na primeira etapa, a raça Braford alcançou base de preços de R$ 70,3 mil, enquanto que novilhas padronizadas, desta vez também da Hereford, receberam cotação média de R$ 23,22 o quilo vivo, sendo que o peso médio foi de 430kg. Traduzindo, quase R$ 10 mil por cabeça.
O destaque entre as fêmeas ficou para a matriz Mãe Rainha V473 “Fuzarca” que teve comercializada 50% de sua produção por R$ 72 mil, para a Fazenda Vaca Branca, de Guarapuava (PR). O valor atribuído ao percentual à venda corresponde a uma valorização de R$ 144 mil. Outra novilha, a “Campana”, grande aposta da Mãe Rainha, teve também a mesma proporção vendida por R$ 69 mil, totalizando preço final de R$ 128 mil. A Meia Lua não deixou por menos e bateu seu recorde em valor de matriz, a Pitaya, vendida para Jorge Luiz Leal por R$ 27,2 mil.
“Tourama fora da curva”
Na 2ª bateria, reservada para dia 11, um sábado, o Identidade Cara Branca desfilou reprodutores também Hereford e Braford, avaliados pelo PampaPlus, programa oficial da entidade maior das duas raças, a ABHB (que oficializa o leilão); destacados em suas Diferenças Esperadas de Progênie (DEPs). A média dos Braford chegou a R$ 41,8 mil, enquanto que os touros Hereford, o excelente patamar de R$ 28 mil.
Destaque para o touro Mãe Rainha X44 Kachape Maestro TE “SNIPER”, o melhor rústico Braford da Expointer 2021, que foi comercializado pelo valor de R$ 169,6 mil para a central de inseminação artificial ABS Brasil. Na raça Hereford, o reprodutor Mãe Rainha V345 “Bazalto”, adquirido pela Fazenda Sonho Dourado, de Campo Belo do Sul (SC), saiu por R$ 40 mil.
Mãos dadas
Engano pensar que a parceria entre Mãe Rainha e Meia Lua nesses caras brancas fica apenas nos negócios. Colombo vai mais longe e faz a devida reverência. “A Meia Lua é pioneira do Braford no Estado e a nossa maior incentivadora, desde o início de nossa seleção mais profissionalizada; de modo que não há sucesso individual, aqui, pois a Mãe Rainha tem muita raiz no trabalho realizado pela família Momm. Na verdade, falamos de famílias com estreitos vínculos de amizade”.
As duas marcas são das mais importantes entre os produtores de genética de Santa Catarina. O Estado ficou isolado do resto pela condição de “Livre de Febre Aftosa sem vacinação” por 20 anos, o que trouxe uma série de limitações aos seus pecuaristas.
“Ocupa apenas 1,3% do território brasileiro com 3% de sua população humana e menos de 2% de sua bovina. Portanto, uma pequena unidade da federação que, inclusive importa perto de 50% da proteína animal vermelha que consome, mas que nos últimos cinco anos vem mostrando seu potencial de produção de genética melhoradora para todo o País. E, com certeza, isso está confirmado pelos números do Identidade Cara Branca”, conforme raciocina Delamar Augusto Macedo, leiloeiro rural que comandou o martelo e confessa confessa o ‘maestro’ desses anos todos, segundo Colombo: “minha trajetória profissional se funde com a história desse leilão. Estou desde o primeiro”.
Na verdade, as duas grifes promotoras do leilão são parceiras ainda de Delamar e da empresa leiloeira Camargo Agronegócios, organizadora dos negócios, cuja direção fica por conta de Luiza Camargo (“madrinha do remate”, conforme Colombo), também atuante desde a primeira edição da venda, em inovação e geração de modelos que correspondam às necessidades dos seus clientes. “Para nós, com muito orgulho, um encontro de capricho e zelo que torna a venda fórmula de sucesso. Para a equipe da Camargo, isso basta, pois também crescemos com o leilão e suas marcas, além de amizade e amor, quando pensamos nele 364 dias por ano”, reforça.
Uma assinatura para a qualidade
A marca Meia lua é inteira. Rafael Momm reforça que sua “amizade com o Edson começou com o Braford; ele e seu Pai, nos idos dos anos 1990, adquirindo animais. De lá para cá, virou meu irmão mais novo. Depois, nossos filhos nascendo, crescendo e sempre um vibrando com o outro, além de várias viagens juntos. Fomos até na Argentina para ver Braford. Mas, um dia Luiza Camargo deu a ideia de fazermos leilão juntos. Apertadas as mãos, aquela luz se transformou na parceria de sucesso que pudemos comprovar, hoje. É muito gratificante para mim e a Meia Lua, meus familiares, estar ao lado da história da Mãe Rainha e aprendendo sempre com as inovações do Edson Colombo, em cada leilão. Aliás, a equipe do remate é bem dinâmica e chama atenção a Luiza Camargo, nossa motivadora. Ela é perspicaz e muito profissional com sua equipe. Já o Delamar, um dom para conduzir o martelo, com oratória no microfone e conhecimento. Sempre sabe o que falar não tornando a captação dos lances cansativa nem a sequências dos lotes”, conclui.
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