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Foto do escritorPor Augusto de Queiroz Pedrazzi

Aspectos químicos da terra

Mexer no ambiente é caro. Portanto fazer as contas devidamente, partindo de boas análises, é a melhor pedida.

Qualidade do solo determina produção. (Foto: Revista Nelore)

Dando sequência a essa mais nova seção da revistanelore, depois de introduzirmos o assunto “Solo Saudável” e começarmos a discutir seus aspectos físicos, químicos e biológicos – guardando que é um desafio tratá-los separadamente – falamos, nesta edição do aspecto químico. Vale lembrar que na mais recente, tratamos do físico.


Como temos defendido, antes de mais nada o produtor deve estar cercado de boa assessoria: alguém que não seja “tendencioso”. Deve-se escolher técnicos que compreendam muito bem a realidade da fazenda. Alguém que valorize a rentabilidade do negócio e disponha da enormidade de ferramentas para diagnóstico e planejamento de recuperação.


É preciso saber se o negócio pode ou não adubar três toneladas de insumos. Às vezes falta maquinário, mas há sempre uma parceria que pode ser estabelecida. Tudo deve ser ponderado e contar com conhecimento da região e muita criatividade. A boa notícia é que há grandes profissionais nessa área específica.


O que ver?


A primeira certeza é de que uma análise bem-feita do solo deve ser feita logo após constatar sua redução de produtividade. Normalmente, essa queda acontece em áreas e não em um único espaço. De posse desse diagnóstico é hora de olhar para o próprio umbigo e tomar decisões em função da lucratividade.


Não adianta só identificar as piores áreas. É preciso agir para recuperar. Tem de se ter em mente a saúde financeira. Por isso, identificar áreas que possam responder com agilidade e trazer ganhos mais rapidamente é ainda mais importante. A saúde de caixa é fundamental para qualquer investimento, inclusive trabalhar o solo para um bom futuro.


Curiosamente, acontece que áreas mais argilosas, por exemplo, podem demandar mais recursos do que áreas quase que as mais mortas ou arenosas. Essas podem até responder mais rapidamente e com menos dinheiro. A identificação (mapeamento) é fundamental! Equiparar a produção de áreas mais arenosas às mais argilosas pode ser uma grande estratégia, em curto ou médio prazos.


Ferramentas na mão


Nesse sentido, a agricultura de precisão veio desvendar o potencial de áreas até diminutas, aquelas, por exemplo, que podem responder mais rapidamente aos menores investimentos e gerar caixa, entre as que vão precisar de mais recursos. A ideia é que seus diagnósticos apoiem, cirurgicamente, a maximização de resultados sem prejuízo de caixa.


Tudo depende do sistema produtivo e da rentabilidade dele. Tudo pressupõe o nível de tecnificação. No caso de Integração Lavoura Pecuária (ILP), o retorno do investimento é mais rápido, por exemplo. E também vale esclarecer que a agricultura de precisão harmoniza a produção por hectare, mas não retira completamente as diferenças, que são naturais.


Cada mancha de solo tem suas particularidades e deve ser trabalhada para recuperar individualmente os aspectos físicos, químicos e biológicos (de cada uma, separadamente) para restabelecer a saúde do solo e a melhor produtividade. Neste sentido, o plantio direto é quase que indispensável para qualquer cultura que se quiser estabelecer nos trópicos.


Então, mesmo no caso da cultura de capim, aquela que produz carne (proteína vermelha), após estar no limite da exploração, o trabalho de cobertura deve ser considerado. É uma forma de aproveitar a cobertura viva e dinamizar o próximo ciclo da forrageira, valendo-se da palha que está sobre o solo.


Alguns conceitos


Vedar o pasto é sempre a melhor estratégia econômica. Ninguém dá valor à lotação limite de uma área de pasto e depois reclama. Isso deve ser muito considerado. É muito melhor investir em genética mais adaptada e em sistemas menos intensivos, do que em altas estratégias de recuperação de solo; lembrando que a grade é última opção, caso recomendações bem fundamentadas.


Depois deve-se corrigir a parte química, que é muito dependente da chuva (regime de águas). Não aposte se não vai ter água! Mas lembrar que bom manejo e riqueza química tornam o solo mais resistente à falta de chuva, por exemplo. A química disponível torna a planta mais longeva, sempre.


Quando se pensa na saúde do solo, normalmente é porque alguma coisa não está bem. Quanto e como se pode fazer para recuperar a saúde do solo, neste caso específico de lavoura de capim, do ponto de vista químico, depende de avaliação. Sempre vale considerar que há produtos e produtos, sempre com respostas diferentes ao longo do tempo, com maior ou menor custo.

Ações pontuais podem ser mais econômicas e necessárias. (Foto: Divulgação Embrapa)

Às vezes, somente a cobertura de cálcio traz um grande alento. Mas a relação zinco e cobre também é importante! E ainda há a de ferro e manganês. Um dos elementos importantes é o Boro. Ele é justamente quem vai trabalhar a qualidade biológica e química do solo, comportando-se de forma muito dinâmica dentro da seiva da planta.


Este é um elemento que trabalha muito a raiz da planta e sua interação com o solo, com mais vigor e estrutura no cumprimento do seu papel. Recuperar a saúde da terra passa por inúmeras etapas e não são atitudes isoladas. No entanto, devemos compreender cada um de seus aspectos e apostas que, com o tempo, os gastos com solo serão cada vez menores. E isso é renda!


Augusto de Queiroz Pedrazzi é engenheiro agrônomo, administrador rural e especialista em gestão de áreas degradadas, além de produção de bovinos eficientes de corte.

Artigo publicado na edição de fevereiro/março de 2021 da revistanelore. Leia a edição completa AQUI.


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