Caminhos para a aplicação das tecnologias
- Por revistanelore

- 11 de nov.
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Feedlot Summit, em sua 18ª edição, alcança a maioridade e preenche uma importante lacuna na bovinocultura de corte nacional.
Por Flávia Tonin
O Feedlot Summit 2025 aconteceu entre 10 e 12 de setembro, em Goiânia (GO), mais uma vez realizado pela Coan Consultoria, definindo estratégias e a transferência de tecnologias da pesquisa nacional e internacional para o campo. Pecuaristas, confinadores, gestores de projetos e técnicos da área e demais envolvidos com a pecuária, exatas 1.964 pessoas, ficaram imersos em conteúdos, trazendo os principais avanços do segmento.
“Com informações em mãos, o pecuarista consegue enxergar o negócio dele como uma atividade empresarial, independentemente de ser cria, recria e engorda, ciclo completo ou confinamento. Passa a ver seu negócio como uma empresa pecuária de alta tecnologia a partir de cada inovação apresentada. Esse é com certeza o principal objetivo de cada edição deste evento”, comentou Rogério Coan, anfitrião e idealizador do evento. “Começamos na Unesp de Jaboticabal com 42 pessoas e desde a primeira edição nosso objetivo era realmente transferir tecnologia ao campo”, resume.

Palestrantes e testemunhos
“O bezerro está dando um baile no sentido de valorização e o ganho produtivo vem favorecendo a lucratividade da cria. Favorecendo o criador e o boi gordo, mesmo com toda essa onda de tarifaço, incertezas globais e políticas econômicas, geopolíticas. A gente tem o boi brasileiro muito bem-posicionado, dada a baixa oferta mundial. Eu volto para a Esalq com uma boa impressão positiva e sabendo que a pecuária brasileira tem um rumo muito interessante pela frente. O que esperar é mais lucratividade, mais produtividade, mais geração de emprego. Então, esse evento aqui, realmente, ao mesmo tempo que me surpreendeu, me traz a certeza de que a gente está no caminho certo”.

“O ano de 2025 é um ano de transição entre a fase de baixa e a fase de alta dos preços. A gente não sabe quando será, mas de fato irá acontecer. A principal decisão que você deveria tomar agora é pensar qual tipo de animal devo comprar? Qual animal é mais flexível para meu projeto? Hoje, a gente viu que durante esse maravilhoso evento, a melhor compra que estaria acontecendo seria a de um animal intermediário de 8 a 11 arrobas. Um animal que dá a melhor margem de garantia para um lucro lá na frente. Então, a principal mensagem é essa: faça um animal intermediário agora e confina esse animal, a pasto ou confinamento. É a melhor compra desse momento”.

“Nesse momento, estamos entrando numa fase que torna proibitivo a baixa tecnologia. Aquele produtor que não está fazendo nada, tende a sair do mercado, pois ele não vai conseguir acompanhar o ritmo de produção da pecuária. Para isso, há alguns desafios: o primeiro é organizar-se em termos de caixa para dar os passos necessários. À medida que avança, tem que melhorar seu nível gerencial, pois o pacote tecnológico aumenta, há maior exposição a riscos. Se você não cuidar da gestão desse negócio como um todo, você corre o risco de escalar o prejuízo e não lucro. Vamos ter cada vez mais uma pecuária parecida com a agricultura que não admite baixa tecnologia e é muito pouco tolerante à má gestão. O pecuarista tem que ser cada vez melhor no negócio que faz”.

“A raiz é um componente esquecido das pastagens. Quando ele percebe que o pasto está secando, não tem raiz. Então se eu pudesse trazer uma dica importantes para que ele cuide dessa raiz seria manter a parte aérea com folhas verdes fazendo fotossíntese e monitorando o crescimento da planta. Parte aérea saudável, raiz saudável”.

“Demonstramos a importância da nutrição da vaca, principalmente durante a fase gestacional. Essas fêmeas tendem a perder peso no período pré-parto, que é uma fase onde ela deveria estar se preparando para uma produção de leite após o parto. Essa é uma fase, no terço final da gestação, em que esse bezerro está em em franco crescimento. Então, a gente precisa entender essa dinâmica e as exigências dessa fêmea. Quando a gente muda a estrutura da fazenda, principalmente em manejo de pasto, acertando taxa de lotação e oferta de forragem, essa fêmea sofre menos impacto em termos de uma falta de nutrição. Ela tem um benefício reprodutivo e, em segundo momento, um benefício zootécnico por desmamar um bezerro mais pesado”.

“Melhorou muito, nesses últimos 10 ou 15 anos, a gente nota uma atenção muito maior do pecuarista em querer aprender mais sobre manejo de pastagem, sobre custo, enfim, ele quer de fato tornar essa atividade bastante rentável e competitiva, com mais alternativas do uso da terra. Quando você faz um manejo correto de uma passagem, evidentemente você está adicionando uma quantidade imensa de matéria orgânica no solo. Na verdade, quando a gente está fazendo um trabalho correto sobre manejo e para maior produtividade na pastagem, você está fazendo uma pecuária regenerativa com, evidentemente, um ganho muito maior em termos financeiros”.

“Fica um estímulo para os pecuaristas que estão intensificando, que olhem para a terminação como também para a fase de recria, porque esse animal recriado bem, ele é mais ganhador de carcaça do que peso vivo. É importante, pois eu quero que o meu animal chegue mais pesado no final da recria e com mais proporção de carcaça. Para isso, eu tenho que olhar a genética, o balanceamento do suplemento; atenção para não depositar gordura mais cedo, ou seja, virar o chamado boi bolinha. São ferramentas que estão disponíveis para o produtor usar no seu sistema de produção”.

“A Primeira orientação da gestão deve ser pelos valores e propósito. Depois o resultado estratégico claro para montar um bom projeto. Outro ponto importante é estar abeto ao aprendizado. Preciso continuar aprendendo e reaprendendo a lidar com gente, com gado, com solo, com pasto, pois as coisas seguem mudando. É preciso criar processos geniais dentro da fazenda, além de flexibilidade e autonomia para o time. Mantenha o senso de urgência e complacência zero. Por fim, a obsessão por números”.

“É de grande importância um evento como esse para o Brasil, pois tem gente de todo o País, de agricultor a pecuarista e profissionais da agropecuária. Eu falo que é em um evento como esse que a gente vem e descobre a força do nosso agronegócio”.








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