Os bons resultados da Expogenética 2025
- Por revistanelore

- 11 de nov.
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O balanço geral da recente ExpoGenética trouxe dados positivos com um crescimento nos negócios de 38% e delegações de 13 países.
Por Paulo Gustavo Pereira
A ExpoGenética é um evento significativo no Brasil, focado na genética e melhoramento do gado zebuíno, com destaque para a raça Nelore, predominante no País. A edição aconteceu em agosto último e trouxe novidades em termos de genética, biotecnologia e práticas de manejo, além de reunir criadores, pesquisadores e profissionais do setor.
Na agenda de leilões oficiais promovida pela ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) durante o evento, houve um crescimento expressivo de faturamento em relação ao ano passado. No total, os 27 remates da feira movimentaram R$ 124,35 milhões, representando um aumento de 38% sobre a 2024, quando registrou pouco mais de R$ 90 milhões em 25 leilões.
Outro incremento registrado foi o de exemplares das raças zebuínas: foram 1.164 animais vendidos, contra 1.141 do ano passado. A média de faturamento por cabeça, também surpreendeu, ficando em R$ 141,8 mil, resultado é 80% superior ao de 2024 (R$ 78,9 mil). A 8ª edição do Leilão PNAT acompanhou e movimentou 25% mais em relação ao ano passado: R$ 1,372 milhão na venda de 39 lotes.

Para Gabriel Garcia Cid, presidente da ADCZ, “ano após ano, a ExpoGenética demonstra a sua relevância no cenário nacional e se consolida como um dos principais eventos do setor. O crescimento em todos os sentidos é mais uma prova da importância da pecuária zebuína e do agro como um todo para a evolução da economia do nosso País”.
A 18ª ExpoGenética, que aconteceu no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), também reuniu um número de visitantes internacionais interessados nas novas tecnologias e na realização de bons negócios com o Zebu brasileiro. Houve um crescimento de 90,77% em relação à 2024.
Raquel Borges, supervisora de Relações Internacionais da ABCZ, explica que “estamos passando por um período de maior reconhecimento do Brasil como referência em melhoramento genético bovino. O Zebu tem se tornado um produto de interesse e curiosidade para criadores de outros países que buscam novas tecnologias de produção eficiente no hemisfério sul”.
Foram, no total, 124 visitantes de 13 países, Angola, Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Honduras, México, Panamá, Portugal, Venezuela e Zâmbia.
A Nelore na Expogenética 2025
Conversamos com Victor Paulo Silva Miranda, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, sobre os resultados da 18ª ExpoGenética, realizada em Uberaba (MG).
Revista Nelore – Você acredita que em termos de evento de negócios, a ExpoGenética 2025 foi melhor do que a do ano passado?
Victor Miranda – Na minha opinião, sim. O povo que esteve lá, é totalmente qualificado, direcionado, exatamente aquele que sempre comparece, procurando melhoramento genético. Cada vez mais o pessoal está se profissionalizando, indo na ExpoGenética com o objetivo único de encontrar o que há de mais novo no melhoramento genético.
É uma feira, acima de tudo, muito técnica, com um objetivo e público-alvo únicos. Não é uma feira de festa, não tem show, não tem nada de badalação, não tem público comendo algodão doce, criança, nada disso. É extremamente técnica, eficiente. É um evento que temos de incentivar, porque é anual e está cada vez melhor.
Revista Nelore – Como você avalia os resultados da ExpoGenética 2025?
Victor Miranda – É um evento indispensável, muito importante. Falamos de produção de proteínas e seleção genética, onde encontramos os principais programas de melhoramento e se disponibiliza matrizes para multiplicação pelo Brasil afora. Afirmo que a Expogenética, hoje, é indispensável para raça Nelore para segurança alimentar, não só do Brasil, mas no mundo.
É um evento que cresce, valorizando-se com leilões cada vez mais concorridos. O melhoramento genético mostra que o caminho da perfeição não tem limite, não tem fim. Ou seja, nada é tão bom que não possa ser melhorado. O melhoramento genético é a Fórmula 1. A hora que a gente achar que já está bom, ficaremos para trás.
Achávamos impossível o Nelore alcançar o Angus. E nós o ultrapassamos. Mas nós temos que continuar melhorando, porque as outras raças também evoluem. Por isso, a Nelore precisa estar forte em cada ExpoGenética. As pessoas que estão no PMGZ ou em qualquer outro programa de melhoramento animal, investem, capacitam profissionais e estimulam cientistas. São eles que a evolução.

Revista Nelore – Você acredita que é exatamente isso que tem motivado o criador a participar da ExpoGenética? Entrar dentro dessa corrida para não ficar em último lugar?
Victor Miranda – Não é nem questão de ficar no último lugar. Quando você atinge um certo ponto no melhoramento genético, você quer mais. A família nelorista é isso. O Nelore está onde está, porque as marcas fortes da raça, os criatórios fortes, não se acomodam, querem sempre mais. Eles exigem mais da raça. Exigem mais do Nelore.
Por isso, essa raça vem se superando. Seus criadores não se acomodam. Eles chegam no topo do pico e querem outro mais alto. É uma raça maravilhosa composta de criatórios importantes. Você tem como comprar uma aspiração da vaca número 1, hoje, no melhoramento genético nacional. Tem leilão todo dia. Não existe desculpa de que não há acesso à tecnologia genética.
Revista Nelore – O Programa Nacional de Touros Jovens é um momento importante dentro da ExpoGenética. Como o PNAT é um fator diferencial para o desenvolvimento da raça?

Victor Miranda – Nós acreditamos em geral que no melhoramento genético, o filho será melhor que o pai. Trabalhamos para isso. O programa de Touro Jovem existe e é uma realidade. Vem acelerando cada vez mais. Antigamente, você ficava com touro aí, quatro, cinco anos, no sumário e o pessoal usando. Hoje, em dois anos, o touro já é ultrapassado, por outros touros melhores.
Quando eu falo Fórmula 1, o pessoal até ri, mas é a verdade. Há um giro muito grande na capacidade e qualificação do touro. O reprodutor positivo para leite ou para marmoreio na carne, algo que nem se pensava no gado zebu. Hoje, estamos falando em marmoreio de carne, suculência, maciez, em uma carne saborosa. Aquele negócio de que o Brasil consome carne ruim, acabou.
Todo mundo quer mastigar um produto macio, saboroso. Todo mundo quer uma carne, assim, suculenta. É isso que move o criador de Nelore e não é só o que nós queremos fazer, não. A verdade é que quem não fizer melhoramento genético, quem não produzir qualidade, está fora do mercado. Está fadado ao fracasso.








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