Na beira de mais uma estação chuvosa, alguns detalhes devem ser apreciados pelos pecuaristas, principalmente se ela não vier tão abundante em águas.
Chegamos ao período que começa a chover. Observe que o dia fica mais longo e assim com mais luminosidade sobre a vegetação, favorecendo a fotossíntese. É hora de pensar e planejar esse momento de crescimento das forrageiras. A primeira coisa que se pensa é na limpeza da área. Tudo bem! Certo é que alguns querem fazê-la na consolidação e outros podem aproveitar o melhor momento.
No entanto, 2021 foi um ano de muita aprendizagem já que as chuvas vieram bem abaixo da normalidade, pegando muitos pecuaristas de calça curta. Nem o pasto, nem o solo se recuperaram devidamente da longa estiagem de 2020. Pior, especialistas apontam para uma repetição de cenário em função da instalação da “La Niña”, quando as chuvas são reduzidas, já logo mais.
Cada um faz sua conta. Nem sempre é possível diminuir a lotação para preservar a forragem; nem fazer limpeza em função das condições ambientais, conforme a umidade (microclima para trabalhar). O que não se quer, contudo, é perder as brotações naturais do capim, sempre lembrando de um diferencial que o alimento das gramíneas é o mesmo para as plantas tóxicas. Elas chegam juntas.
A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Porém, pensando na interação de plantas e solo, nem sempre – mediante prazos – a resposta é tão positiva. A planta sempre é um agente para construir ou não a saúde do solo, por exemplo se elas são tóxicas. Isso, contudo, não quer dizer que a presença de plantas nativas no solo seja um fato ruim, pois elas reciclam melhor a vida na terra e podem ser uma fonte proteica e rica em minerais na dieta da criação – atentando para oferta de capim versus folha larga ou plantas suculentas. Já outras são tóxicas mesmo. Por isso um manejo intenso é importante para ter em mãos as ocorrências.
A cobertura do solo é importante. Nas chuvas, ela se torna abundante. Em sendo assim, muitos pecuaristas acabam superlotando as pastagens. No entanto, quando falamos em recuperação, a simples vedação (avaliada caso a caso) por um período de três meses no período chuvoso, é o suficiente. Mais uma vez, uma boa análise do solo é fundamental, não apenas a tradicional, mas uma que levante as condições biológicas da terra.
Um solo não é igual ao outro nas suas características e exigências. Muitas vezes, a diferença pode estar por metros apenas. Uma boa bioanálise vai retratar muito bem essas características e os metabolismos. E vale também dizer que essas áreas vedadas poderão servir de reserva para a época da seca. Isso significa dizer que neste período crítico, a fazenda terá maior oferta de volumoso. Na régua do caixa, o lucro poderá ser até maior.
Em um planejamento bem-feito, a lotação do pasto nas águas deverá permanecer a mesma da seca.
É ilusão abrir para mais animais pela oferta momentânea, pois é hora de ter tudo mapeado para saber quais áreas podem servir o gado e quais devem descansar. Aqui, reforçando que esse repouso é a ferramenta mais barata para recuperar a qualidade do solo.
Outro ponto importante nesse planejamento é ter identificado as áreas em melhores condições da fazenda, as pastagens mais produtivas. Essas poderão até ser aproveitadas para lavouras, diversificando e gerando renda. Mas no caso de manutenção de forragem, elas são as que têm condições de receber os animais que sobraram na vedação.
No caso de áreas que exigirem subsolagem, atentar primeiro para disponibilidade de mecanização da área, limpeza para poder operar e também se as condições químicas do solo estão em potencial suficiente para dar resposta a esta ferramenta. Também, o rolo faca, recomendo no período das águas, tomando cuidado para não ficar sem comida para o gado e lembrando mais uma vez, que muitas plantas nativas servem de alimento. Outro cuidado é com a compactação, ainda mais em áreas argilosas, pois geram muita dificuldade operacional, quando encharcadas, e são potenciais em compactação se mecanizadas irracionalmente.
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