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  • Foto do escritorPor Augusto de Queiroz Pedrazzi

Solo saudável: Retrospectiva 2021

Uma edição para lembrar e fixar alguns dos pontos mais relevantes que apresentamos neste exigente ano para a agropecuária brasileira, em especial para a terra



Em 2021, esta seção trabalhou junto aos seus leitores a importância de se avaliar as peculiaridades de cada propriedade rural, antes de planejar a busca por um solo cada vez mais saudável. É preciso ponderar as condições sócio econômicas do proprietário, funcionários e até a cultura de cada região, lembrando que estamos em um país continental e de grande diversidade humana.


Com o mesmo valor, também as características ambientais, como clima e tipo de solo, devem ser compreendidas, lembrando aqui que uma mesma fazenda pode apresentar diferenças importantes entre seus microambientes, seja por relevo ou biota. É importante carregar em tudo a complexa necessidade de se lidar ecologicamente em todos os aspectos de produção do campo.


Boa gestão a partir de bom monitoramento


Para se entender e lidar com tudo isso, trabalhamos por diversas vezes a atenção de produtores e técnicos no sentido de se apropriar de ferramentas de monitoramento dos vários sistemas da propriedade, inclusive no trato da terra, para se construir um modelo de gestão eficiente. Só ela pode oferecer as boas oportunidades de agir, além de feed backs para se corrigir e melhorar todos os processos.


Uma boa gestão sob bons princípios ecológicos conta com monitoramento do solo – seja por análise ou bioanálise – controle de chuvas e índice de cobertura vegetal (comportamento das forrageiras), entre outras informações. E pensando em ecologia e ambientes tropicais, quanto mais se monitora, mais se conhece a diversidade vegetal nos ambientes, identificando o que é daninho e aquilo que contribui para a saúde da terra.


Por isso, monocultura não é bem-vinda e deve ser evitada. O consórcio é sempre a melhor opção, pois protege o solo da forte insolação, desacelerando a atividade orgânica e retendo mais água e nutrientes.


Falamos também, em 2021, da gestão de maquinário. Ela deve ser tratada como uma empresa à parte. Nada pode estar super ou subdimensionado. Tudo deve fazer parte de uma rotina planejada e assertiva. A manutenção preventiva é sempre a mais barata e responsável pela longevidade das máquinas, sejam veículos ou implementos. Aliás, estes, por sua vez, trazem cada vez mais inovações e adequações que devem ser bem conhecidas.


Prontidão para avanço nos negócios


Em tendo todos os itens acima bem trabalhados na propriedade, a Integração Lavoura Pecuária (ILP) está pronta para ser implantada. Ela pode alavancar a rentabilidade da fazenda, mas, sem toda uma retaguarda de gestão, conhecimento e infraestrutura, as dificuldades e prejuízos são certos. A ILP é uma grande ferramenta, mas ela em si não tira a incompetência de quem a usa.


Outro ponto que levantamos nessa temporada foram as ações em função da climatologia. Há algumas décadas ela era mais exata; hoje as instabilidades fazem parte de qualquer planejamento e devemos estar atentos e preparados para esse dinamismo cada vez maior. Em função deles há sempre novas ações na seca e nas águas, de um ano para o outro. Isso requer sempre mais atenção.


O limite de lucros ou prejuízos, tanto na lavoura quanto na pecuária, é definida no período da estiagem. As decisões tomadas farão muita diferença, principalmente na bovinocultura de corte. O pecuarista que fez a lição de casa nessa seca não terá de vender gado na próxima. Também não se pode esquecer da suplementação, de modo que o gado não tenha perdas de desenvolvimento.


Passos na direção correta


E a lição de casa, em questão de manejo de pastagens na seca, é a vedação. Trata-se de uma estratégia antiga e bastante conhecida, mas pouco praticada – como se os produtores perdessem a mão sobre ela. Na verdade, a vedação é fantástica e única para dar longevidade ao ciclo produtivo, mesmo integrado à lavoura, pois ela garante um fôlego na dinâmica do solo em um momento de estresse extremo.


No entanto sabemos que não se pode aplicar em 100% da propriedade, a ferramenta. As áreas de aplicação devem estar limitadas pelo equilíbrio entre ecologia e necessidades sócio e econômicas do negócio em si. Trata-se da tríade que torna a atividade sustentável.


No período das águas, a gana de produção é maior, justamente pela exuberância. No caso da pecuária, o produtor quer ampliar a lotação e fazer mais dinheiro. Contudo, ele esquece do famoso “um dia após o outro”, perdendo de vista as áreas que precisam de recuperação para estar com gado na seca. Então, esse lucro momentâneo pode ser transformar em um grande prejuízo.


Sem medo de saber cada vez mais


Por anos, as coisas vão se complicar, tudo em função da falta de respeito ao descanso que muitas áreas pediam naquela aparente imensidão de verde, hoje dourada e rala. A vedação, inclusive, é uma estratégia preliminar à adubação. Um solo exaurido não responde bem. Ele precisa de descanso e com cobertura vegetal para recuperar sua vida biológica.


E o mais importante! Na hora de adubar, depois de uma vedação que proporcionou descanso, as análises ou bioanálises de solo são econômicas. Muitas vezes um determinado solo e sua cobertura vegetal não precisam de convenções, aquelas adubações totais e sempre caras, mas de uma ação mais cirúrgica na reposição apenas dos nutrientes que faltam. Essas leituras da terra é que vão dar o limite de até onde se pode ir.


Reportagem publicada na edição de dezembro de 2021 da revistanelore. Leia a edição completa AQUI.



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